Alguns pensamentos e crenças sobre o adoecimento, tratamento e prognóstico podem contribuir para a manutenção de emoções negativas (angústia, negação, raiva, culpa e frustração) ou positivas (otimismo, esperança e determinação). Assim, tanto os pensamentos quanto os sentimentos influenciam a forma como você irá se comportar e agir durante o tratamento oncológico, podendo por vezes, acarretar em comportamentos que prejudicam seu andamento.
Nesse contexto, se pudermos refletir sobre a natureza de certas crenças e questionar pensamentos, é possível tentar alterar emoções negativas, assim como mudar nosso comportamento diante de algumas situações.
O primeiro passo é questionar se determinada ideia é um fato ou uma opinião baseada em crenças internas individuais. Depois disso, é importante tentar entender o que mantém determinada crença.
Por exemplo: “Meu tratamento não vai dar certo e vai ser muito dolorido, então eu não quero tentar” ou “Eu não vou conseguir sair na rua porque as pessoas vão saber que tenho câncer e vão rir de mim”.
Nesses exemplos, os pensamentos colocados poderão gerar sentimentos de tristeza, medo, raiva, vergonha ou sensação de impotência, além de comportamentos de afastamento ou fuga do tratamento. Esses pensamentos, sentimentos e comportamentos se reforçam uns aos outros, como um ciclo, aumentando ainda mais o sentimento de isolamento, vergonha, fuga do tratamento e ideia de que o tratamento não será eficaz.
Dessa forma, para tentar quebrar o ciclo estabelecido, é importante tentar entender de onde surgiu a crença de que o tratamento com certeza não daria certo ou de que com certeza as pessoas na rua ririam de mim. Depois disso, refletir se essa crença é um fato ou se é algo que eu acredito que aconteceria devido às experiências passadas ou relatos de conhecidos, mas que não tenho certeza se são verdades. Por último, tentar perceber o que nesse momento tem acontecido para manter e reforçar esses pensamentos e se seria possível alterar esse cenário.
Algumas perguntas a se fazer incluem: “Será que estou vendo somente o lado catastrófico, em que o desfecho é sempre ruim?”; “Será que a minha situação atual poderia ter um desfecho diferente?”; “Será que existe outra perspectiva para ver determinada situação?”; “Será que esses pensamentos que acho que outros terão, são meus ou são realmente deles?; “Será que consigo saber o que as pessoas estão de fato pensando?”; “Só porque uma situação me traz memórias ruins, ela será ruim novamente, ou será que essa nova situação é única e individual?”.
As crenças que temos diante de algumas situações da vida vão sendo estabelecidas ao longo do nosso desenvolvimento e muitas vezes não é tão simples questioná-las, entendê-las e mudá-las. Elas vão se fortalecendo na medida em que algumas delas são reforçadas em momentos distintos da vida, criando estratégias de enfrentamento. Portanto, algumas vezes pode ser necessária a ajuda de um profissional de saúde mental, que irá trabalhar aspectos mais profundos relacionados ao enfrentamento acerca do adoecimento e suas implicações na vida do sujeito.
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