Aceitação é um processo de enxergar a realidade como ela é, com as suas durezas e levezas. Aceitação não é passividade, não é abrir mão, não é deixar de lutar. Pelo contrário, a aceitação é um posicionamento saudável e maduro diante de uma situação e é a partir dela que uma mudança acontece rumo ao fortalecimento.
Vamos considerar que uma pessoa planejou por muito tempo as suas férias no litoral, com o descanso merecido e aquele clima bem gostoso. De repente, o tempo muda abruptamente e os planos não podem ser concretizados. Essa situação gera certo grau de frustração, até menos de tristeza ou revolta. Mas após lamentar o ocorrido, essa pessoa aceita o que não está sob seu domínio ou, a partir de então, planeja alguma ação, toma alguma atitude, pensa em alguma estratégia para não passar as férias apenas lamentando o mau tempo e a impossibilidade de vivenciar o que planejou.
Esse é um exemplo do cotidiano que nos ajudar a refletir sobre o processo de aceitação na Oncologia, que envolve emoções intensas e tem a sua complexidade. A aceitação é o caminho para encorajar-se e seguir em frente. Algumas pessoas não deixam de se questionar o porquê com elas, e seguem fazendo isso ao longo de todo o tratamento. Às vezes, mesmo após o tratamento, algumas pessoas continuam sem aceitar o que passaram e apresentam dificuldade de seguir, mesmo quando o câncer não é mais uma realidade.
Desta forma, é importante colocar as cartas na mesa. Respirar fundo, olhar com carinho para a realidade, aceitar que ninguém é de ferro e que esse processo de aceitação pode te tornar mais forte. O tempo pode estar chuvoso e frio, inviabilizando o desejo por praia. Mas pode ser a oportunidade de curtir o aconchego de casa, tomar alguma coisa quentinha, ainda que estivesse fora dos seus planos iniciais. Pessoas se surpreendem com as próprias potencialidades diante de uma experiência de adoecimento, um caminho de descoberta e amadurecimento pessoal pode ser proporcionado pelo “tempo fechado”.