Dada a influência de alterações psicopatológicos secundárias ao diagnóstico e tratamento do câncer no enfrentamento do paciente, uma avaliação cuidadosa dos sintomas e das necessidades psicossociais é de extrema importância. Além de uma entrevista psicológica detalhada, o uso de instrumentos e escalas é essencial para a formulação do caso de maneira diferencial e multidimensional, assim como para o estabelecimento das necessidades do paciente.
Durante a entrevista psicológica, devem ser investigados a história de vida e os aspectos dinâmico-interpessoias do paciente, incluindo as vulnerabilidades e as potencialidades psicológicas e sociais para o enfrentamento da doença. Ademais, em um segundo passo da avaliação e em diferentes momentos do processo de acompanhamento psicológico, a literatura sugere o uso dos seguintes instrumentos e escalas que avaliam:
Distress
- Sentimentos de angústia que se estendem ao longo de um continuum, variando de sentimentos normais comuns de vulnerabilidade, tristeza e medo a problemas que podem se tornar incapacitantes, como depressão, ansiedade, pânico, isolamento social e crise existencial e espiritual.
- Escalas mais utilizadas e validadas para a população brasileira:
- Termômetro de Distress
- Edmonton Symptom Assessment System (ESAS-r)
Ansiedade e Depressão
- Escalas mais utilizadas e validadas para a população brasileira:
- Questionário sobre Saúde do Paciente (PHQ-9)
- Inventário de Depressão de Beck (BDI-II)
- Escala de Ansiedade e Depressão (HADS)
- Inventário de Ansiedade Traço-Estado (STAI)
- Transtorno Geral de Ansiedade (GAD-7)
Enfrentamento (coping)
- A avaliação do enfrentamento, assim como do padrão de pensamentos, crenças e comportamentos em resposta a eventos estressantes, é importante dentro de uma abordagem diagnóstica para pacientes oncológicos, uma vez que estilos mal-adaptativos podem estar relacionados ao desenvolvimento de psicopatologias.
- Escala mais utilizadas e validada para a população brasileira:
- Escala de Ajustamento Mental para o Câncer (Mini-MAC)
Apego/Qualidade de suporte e de relacionamentos
- Os estilos de apego também são aspectos importantes a serem explorados, especialmente na fase de avaliação, tanto em oncologia quanto em cuidados paliativos, pois a forma como o paciente vivenciou relações precoces com figuras de cuidado no passado, no geral, influencia sua visão de si mesmo e suas expectativas sobre o prestador de cuidados de saúde (ou sistema de cuidados de saúde)
- Escala mais utilizadas e validada para a população brasileira:
- Experiences in Close Relationship Scale – Reduzida (ECR-R)
Qualidade de vida
- Escalas mais utilizadas e validadas para a população brasileira:
- Medical Outcomes Short-Form Health Survey (SF-36)
- Rotterdam Symptom Check List (RSCL)
- Nottingham Health Profile (NHP)
- EURO-Qol-5
Rastreio cognitivo
- Pode ser necessário em alguns casos, quando levantada a hipótese de comprometimento cognitivo.
- Instrumentos mais utilizados e validados para a população brasileira:
- Mini Exame do Estado Mental (MMSE)
- Addenbrooke’s Cognitive Assessment – Revised (ACE-R)
- Montreal Cognitive Assessment (MoCA)
Fonte do artigo e mais informações:
Grassi, L., Caruso, R., Sabato, S., Massarenti, S. & Nanni, M. G. (2015) Psychosocial screening and assessment in oncology and palliative care settings. Frontiers in Psychology, 5 (1485).