Sete Minutos Depois da Meia-Noite é a adaptação do livro de mesmo nome (em inglês A monster calls), escrito por Patrick Ness.
O filme, dirigido por J. A. Bayona, conta a história de Connor, um garoto “velho demais para ser uma criança e jovem demais para ser um homem”, cuja mãe enfrenta uma doença grave (ao longo do filme a doença não é nomeada, mas fica subentendido que se trata de um quadro oncológico). Connor cuida da mãe e da casa da melhor forma que consegue, porém, contra sua vontade, acaba sendo necessária a entrada de sua avó materna para auxiliar.
Sempre voltado para seus desenhos, na escola ele permanece isolado e sofre agressões de um garoto e seu grupo que o atormentam.
Connor tem um pesadelo recorrente com a mãe, em que sempre acorda, muito assustado, antes do final. Uma noite, sete minutos depois da meia-noite, após um desses pesadelos, ele recebe uma visita inesperada: um monstro. A figura gigante de uma árvore antiga surge à sua janela prometendo contar uma história, retornar para mais duas, em troca da quarta, que será contada por Connor e dirá a sua verdade, o final do pesadelo.
O filme é dramático, mas não em excesso. Entre e fantasia e realidade, do ponto de vista infanto-juvenil com o qual um adulto pode se identificar, as temáticas do luto e da ambivalência (querer e não querer algo, amar e odiar) são abordadas com muita delicadeza e deixam reflexões importantes.
Podemos pensar sobre a experiência da criança diante das perdas que sofre, da mãe que precisa se ausentar, da avó rígida e do pai ausente. Das relações que precisam ser (re)construídas e comunicações que acontecem, não acontecem ou deveriam acontecer, diante de uma situação em que faltam palavras, em que a esperança precisa estar presente, mas a realidade se impõe.
Embora Connor não queira escutar as histórias a princípio e não veja muito sentido nelas, o monstro passa a fazer parte de sua vida, surgindo em momentos cruciais e o ajudando a expressar e compreender seus conflitos diante da difícil situação que vive. Em suas histórias o monstro ensina a complexidade do ser humano, mostrando que nem sempre existe um mocinho e um vilão, que escolhas podem ser difíceis e não ter o resultado que esperávamos.
Será que o monstro é real? Será que é uma parte de nós? O filme deixa em aberto para que possam ser as duas coisas.
O final, onde a verdade é finalmente dita, é o ponto alto. Uma verdade dolorosa, também pode nos ajudar a curar feridas.