O estigma que ainda permeia a doença, sua possível gravidade e alterações de vida que pode causar, tornam a notícia de que se tem câncer muito difícil e desencadeadora de diversos sentimentos e emoções.
A forma com que cada um irá reagir à essa situação é individual e única. Mesmo que tenham o mesmo nome, sentimentos são sentidos de maneiras e intensidades diferentes e estão relacionados à nossa constituição psicológica.
Crenças socioculturais e experiências de adoecimento prévias (suas ou de amigos e familiares) também influenciam o significado e o impacto da doença.
Tendo considerado a individualidade na forma como surgem e se apresentam, alguns sentimentos são comuns no momento do diagnóstico e ao longo do tratamento oncológico. Esses sentimentos podem influenciar a maneira como você se comporta diante do tratamento, por isso a importância de conhecê-los e saber identificá-los. Ainda que pareça óbvio, muitas vezes não somos capazes de discernir como nos sentimos e refletir sobre como isso influencia nossas ações.
Alguns sentimentos podem ser considerados negativos na medida em que causam grande sofrimento, podendo desencadear comportamentos de fuga diante do tratamento. Reconhecê-los, falar sobre eles e refletir sobre suas origens podem ser maneiras eficazes de lidar com eles e possivelmente superá-los:
● Medo: inquietação que surge com a ideia de um perigo real ou aparente;
● Incerteza: dúvida sobre a possibilidade da ocorrência de uma situação, causando diferentes níveis de angústia;
● Tristeza: mal-estar psíquico e abatimento; sentimento relacionado à melancolia;
● Choque: abalo emocional causado por alterações bruscas ou súbitas e/ou recebimento de informações graves;
● Negação: afirmação de que algo não existe ou não é verdadeiro; descrédito profundo sobre alguma situação; não reconhecimento de um evento;
● Raiva: fúria contra algo que fere, aborrece ou irrita alguém; grande aversão;
● Culpa: remorso ou arrependimento devido atitudes cometidas; consciência da realização de atos que podem ter consequências danosas;
● Isolamento: separação e afastamento de pessoas que rodeiam o sujeito; reclusão; preferência por estar sozinho em grande parte do tempo; pode causar sentimentos de solidão;
● Frustração: sentimento de falha ou fracasso; estado resultante da impossibilidade ou dificuldade de satisfazer um desejo ou alcançar um objetivo;
● Sobrecarga: sensação de quantidade excessiva de carga emocional; excesso de informações para lidar psiquicamente; grande quantidade de fatos para entender e elaborar;
● Impotência: falta ou diminuição de poder para resolução de tarefas ou problemas; sensação de incapacidade;
Porém, também existem sentimentos considerados positivos, pois podem desencadear comportamentos de luta e enfrentamento diante do tratamento:
● Esperança: confiança em conseguir o que se deseja; Espera baseada na possibilidade de que um desejo se torne realidade;
● Determinação: persistência para conseguir algo que se deseja;
● Otimismo: estado de confiança relativa em desfechos positivos no futuro em geral ou sobre algo específico;
● Disposição para luta: condição emocional que impulsiona a luta por algo desejado ou o cumprimento de um objetivo; Tendência a buscar por algo;
● Gratidão: sensação de reconhecimento sobre algum benefício recebido. Esse sentimento muitas vezes vem na forma de estar grato por ter possibilidades de tratamento, suporte da família, sensação de ter condições emocionais para lidar com o diagnóstico, possibilidades de aprendizados sobre estilo de vida, oportunidade para repensar planos para o futuro, etc;
É importante frisar que esses sentimentos não são controláveis, elas emergem de formas diferentes em cada pessoa. Não se cobre, pois não é possível escolher o que sentir nesse momento. Entretanto, você pode buscar compreender seus sentimentos para lidar melhor com a situação que se apresenta.