Na prática diária percebe-se que essas duas especialidades de cuidado da mente são constantemente confundidas. Algumas pessoas têm dúvidas do que cada uma faz, para que cada uma serve, suas reais necessidades ou ainda, acreditam que só quem precisa da ajuda desses profissionais é quem está “louco”.
O psiquiatra
Antes de tudo, o psiquiatra é um médico, ou seja, trata-se de alguém que fez faculdade de medicina e se especializou em psiquiatria. Esse profissional estuda e tem conhecimentos sobre os funcionamentos fisiológicos e bioquímicos do corpo e cérebro. Ele pode realizar solicitação de exames clínicos laboratoriais e de imagem como contribuição para sua prática e se utiliza basicamente de medicamentos no tratamento de seus pacientes.
No início do contato com o indivíduo, o psiquiatra busca entender os sintomas e queixas trazidas pelo paciente e seus familiares, na intenção de estabelecer hipóteses diagnósticas para selecionar as medicações mais indicadas para o caso.
Ele acompanha o paciente com menos frequência, muitas vezes apenas para alterar o medicamento e avaliar o andamento do quadro. Ou seja, ele trabalha com a parte corporal do psiquismo, medicando, mas assim como o psicólogo, também se serve da palavra, orientando o tratamento visando a melhora do quadro e diminuição dos sintomas.
O psicólogo
O psicólogo fez faculdade de psicologia. Ele estuda e trabalha com o funcionamento da mente a partir de um olhar para o psiquismo, ou seja, para os comportamentos, pensamentos, sentimentos e também para os processos mentais (sonhos, desejos, auto-imagem, medos, frustrações…) e de subjetivação (construção do sujeito como ele é ao longo da vida).
O psicólogo também realiza uma avaliação inicial em que vai ouvir as queixas do paciente, mas é ao longo do processo terapêutico que vai construir, junto com ele, o seu tratamento.
O psicólogo acompanha a pessoa semanalmente, podendo variar a frequência de acordo com o caso, e não faz prescrição de medicamentos. Pode se utilizar de testes de avaliação psicológica como contribuição para sua prática clínica e é a partir da palavra, da conversa, dos atos, reflexões, desenhos, escritas, jogos e técnicas específicas que o trabalho é construído.
Este trabalho é individualizado para cada paciente, pois cada pessoa funciona, pensa e sente de uma maneira, cabendo ao psicólogo a compreensão desse paciente tal como ele é e o auxiliar neste processo.
É importante ressaltar que, por vezes, principalmente no contexto da oncologia, é necessário e de extrema importância a associação entre o tratamento psiquiátrico e psicológico para melhor eficácia no aumento da qualidade de vida do paciente e diminuição dos sintomas, que geralmente neste momento são relacionados a ansiedade, depressão, alterações no sono e na alimentação.