Inserida no amplo campo da psicologia, a neuropsicologia é definida como uma área especializada no estudo das relações entre cérebro e comportamento humano, especificamente no que se refere à conexões estruturais e funcionais entre sistema nervoso e processos mentais.
Na área da oncologia, observamos que os avanços crescentes da medicina, tem proporcionado cada vez mais diagnósticos recentes, opções de tratamento e, consequentemente, diminuído as taxas de morbidade e mortalidade dos pacientes.
O aumento da sobrevida, vem apontando para a necessidade do cuidado no que se refere à qualidade de vida desses indivíduos, que podem carregar sequelas e complicações decorrentes do câncer e de seu tratamento, como processos inflamatórios e autoimunes, procedimentos cirúrgicos, quimioterapia, hormonioterapia e radiação. Estes podem resultar direta ou indiretamente em disfunções em todo o espectro neuropsicológico (ainda que o tumor esteja ou não localizado no Sistema Nervosos Central).
Alterações cognitivas como memória, atenção e velocidade de processamento de informações, no comportamento, na área da aprendizagem e no campos das emoções, sensações e motor são comumente reportadas durante as diferentes etapas do tratamento oncológico e podem perdurar como sequelas mesmo após o seu término. A alta carga de estresse emocional também pode ter influência sobre a área da cognição, assim como alterações em aspectos cognitivos podem gerar impactos emocionais importantes para o sujeito ao se ver com algumas limitações na realização de tarefas da vida diária.
Assim, a atuação do neuropsicólogo na área da oncologia é considerada particularmente relevante no cuidado do paciente em razão dos efeitos cognitivos das diferentes modalidades de tratamento, além das consequências dos diferentes tipos de tumores encefálicos. O profissional de neuropsicologia atua com uma visão ampliada sobre os sintomas emocionais, cognitivos e aqueles relacionados à doença e seu tratamento apresentados pelo paciente oncológico.
A avaliação neuropsicológica no contexto oncológico possibilita o raciocínio acerca de hipóteses diagnósticas, identifica o tipo e a extensão das alterações do funcionamento cerebral, discrimina alterações cognitivas preservadas e comprometidas, investiga a presença de alterações comportamentais e do humor, assim como o impacto destas nas atividades de vida diária do sujeito, investiga mudanças ao longo do tempo de intervenções medicamentosas e pode auxiliar neurocirurgiões sobre o desfecho de intervenções cirúrgicas.
Após uma avaliação neuropsicológica e o conhecimento sobre o funcionamento cognitivo do paciente, o profissional pode ainda oferecer estratégias e treinos que podem auxiliar no dia-a-dia do indivíduo. Essas estratégias buscam minimizar as consequências de possíveis alterações neurocognitivas no cotidiano do paciente, melhorando assim sua qualidade de vida.