Os avanços da medicina têm proporcionado cada vez mais detecções precoces e melhor desfecho no tratamento do câncer. Estes fatores, por sua vez, resultam em um aumento da expectativa de vida e do número de pacientes sobreviventes após o câncer. Para a maioria dos indivíduos, o fim do tratamento oncológico traz alegria e alívio, porém, algumas pessoas, mesmo apresentando alívio pelo término do tratamento, podem apresentar sintomas de ansiedade, depressão e medo da recidiva do câncer.
O medo de recidiva do câncer é definido como sentimentos de medo ou preocupação excessiva de que o câncer retorne, progrida ou metastatize. É um temor de que a doença possa retornar ou progredir no mesmo lugar ou em outra parte do corpo. Estudos mostram que entre 22 e 99% de indivíduos livres de doença após tratamento oncológico apresentam estes sintomas emocionais, independemente da idade, sexo e tipo de câncer.
O medo de recidiva do câncer pode resultar em diminuição da qualidade de vida dos pacientes e está relacionado a comportamentos disfuncionais em seu cotidiano, como o comportamento de negação ou hipervigilância para sintomas oncológicos, além de dificuldade para traçar planos para o futuro.
– O comportamento de negação está relacionado a uma dificuldade do sujeito de buscar ajuda médica na presença de qualquer tipo de sintoma relacionado ao câncer, caso estes apareçam. Nestes casos, o paciente pode ter dificuldade de aderir às recomendações dos profissionais de saúde.
– Já a hipervigilância diz respeito à atenção e preocupação constantes com sintoma físicos, associadas à crença de que todo sintoma físico está ligado à recidiva da doença. Em casos extremos, o medo de recidiva do câncer pode se transformar em transtornos de ansiedade, de estresse pós-traumático ou em depressão.
Portanto, mesmo após o término do tratamento oncológico, o paciente se beneficia do acompanhamento psicológico, além do acompanhamento médico que permanece por cerca de cinco anos. Estar em contato com a equipe de saúde possibilita o diagnóstico precoce desta condição, denominada medo de recidiva do câncer, e permite que intervenções direcionadas possam ajudar o paciente a lidar com estes sentimentos e comportamentos, favorecendo a sua qualidade de vida, retorno às suas atividades profissionais e de lazer.
Fonte do artigo ou mais informações:
Crist, J. V., Grunfeld, E. A. (2012). Factors reported to influence fear of recurrence in cancer patients: a systematic review. Psycho-Oncology, 22 (5). DOI: https://doi.org/10.1002/pon.3114