O que NÃO dizer a uma pessoa com câncer

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Diariamente os nossos pacientes nos relatam o quão aborrecidos, incomodados e até mesmo tristes eles ficam ao ouvir algumas frases de conhecidos, amigos e familiares. Muito provavelmente essas frases são ditas com as melhores das intenções e tem o objetivo de estimular e demonstrar apoio a pessoa que está com câncer. Mas será que, de fato, elas ajudam? Ou podem provocar um efeito adverso?

  • “TUDO depende de você”

Essa é uma tentativa de motivar o paciente, incentivá-lo ao autocuidado e à responsabilização sobre o seu tratamento. Além disso, esta frase, às vezes, tem o intuito de tornar o paciente senhor de si em um contexto em que ele, como a própria palavra sugere, pode estar muito passivo. Mas será que absolutamente TUDO depende do paciente? Sabemos que não. Muitos fatores são biológicos, ambientais e sociais, inclusive. Se o paciente acredita que completamente TUDO depende dele, o risco de se frustrar ou de sentir culpa é muito alto. Algo pode sair fora do esperado, um novo desafio pode aparecer ou o tratamento pode causar efeitos colaterais mais intensos, por exemplo. E nesse contexto, o paciente pode se sentir o único responsável por tudo isso. E isso não é verdade. O que o paciente pode, de fato, é fazer o melhor por si, fazer tudo aquilo que estiver ao seu alcance para o seu bem-estar.

  • “…mas o fulano está pior que você…”

Essa também é uma tentativa de motivar o paciente, evidenciando que outras pessoas também passam por situações semelhantes. Além disso tem o intuito de provocar uma mudança do posicionamento ou prevenir possível vitimização. Mas funciona? Não, dessa forma que a frase está estruturada, não funciona. E pode provocar a sensação de que o sofrimento do paciente não é importante, não é validado e que o que ele está passando é comum e não requer atenção e cuidado.

  • “você não pode fazer essa, aquela e tal coisa”

Essa é uma tentativa de poupar, cuidar e zelar pelo paciente. Sabemos que em algumas etapas de alguns tratamentos oncológicos, a rotina do paciente pode sofrer alterações, inclusive necessitando de ajuda, muitas vezes. Porém, dizer o que o paciente pode ou não fazer pode ser invasivo. O paciente pode estar fragilizado e já ter deixado de fazer coisas que lhe dão prazer e sentido, coisas que o fazem se sentir vivo além da doença. Então, quando indicamos limitações, podemos ser cruéis, a depender da maneira que abordamos esse assunto. Se você considerar que o paciente tem que se poupar em relação a um determinado aspecto, você pode conversar com ele sobre isso, que tal? “Fulano, eu tenho percebido tal coisa…mas queria a sua opinião sobre isso, o que você acha?”

A diferença de um antídoto e de um veneno pode ser a dose. Pois bem, tudo depende da forma que nos expressamos. Na maioria das vezes, o conteúdo é muito bem intencionado, mas se não cuidamos da forma, da expressão, podemos causar mal a quem gostaríamos de ajudar.

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