O câncer de cabeça e pescoço é o nome dado a diferentes tipos de tumores que se originam de várias regiões das vias aéreo-digestivas, como boca, língua, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe (onde é formada a voz) e seios paranasais. Dentre os tipos de tumores que podem se desenvolver nessa região, o carcinoma epidermoide é o mais comum.
Os tumores de cabeça e pescoço representam o 9º tipo de câncer mais comum no mundo, sendo registrados aproximadamente 700 mil novos casos anualmente. Esses tumores são 3 vezes mais comuns em homens do que em mulheres, principalmente naqueles acima dos 55 anos. Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) os tumores de cabeça e pescoço representam o segundo tipo da doença com maior incidência na população masculina e o quinto mais comum entre as mulheres.
Os sintomas do câncer de cabeça e pescoço incluem: ferida na boca de difícil cicatrização (é o sinal mais comum), dor na boca que não passa (também muito comum, mas em fases mais tardias), nódulo persistente ou espessamento na bochecha, área avermelhada ou esbranquiçada em gengivas, língua, amígdala ou revestimento da boca, irritação na garganta ou sensação de que alguma coisa está presa ou entalada, dificuldade para mastigar ou engolir, dificuldade para mover a mandíbula ou a língua, dormência na língua ou em outra área da boca, dentes que ficam frouxos ou moles na gengiva, mudanças repentinas na voz, nódulos ou gânglios aumentados no pescoço e mau hálito persistente. De acordo com o oncologista Gilberto de Castro Junior, do Hospital Sírio Libanês, caso algum destes sintomas persista por mais de 1 mês, deve-se procurar um médico.
Quando diagnosticado logo no início, as chances de cura do câncer de cabeça e pescoço podem chegar a 80%. O tratamento, dependendo da localização, características e extensão do tumor, pode incluir cirurgia, radioterapia ou quimioterapia, realizadas isoladamente ou em combinação.
Por ser uma região anatômica de funções básicas, como fala, deglutição, audição e respiração, e altamente relacionada à autoestima e ao contato social, o próprio tumor ou o tratamento do câncer de cabeça e pescoço podem trazer impactos funcionais, estéticos, emocionais e sociais ao paciente. O procedimento cirúrgico pode afetar a fonação, a deglutição e deixar marcas estéticas na região do rosto, enquanto a radioterapia pode afetar a deglutição e a capacidade de sentir o sabor dos alimentos. Dessa forma, a importância da prevenção e da detecção precoce do câncer de cabeça e pescoço tem sido cada vez mais difundida, como por exemplo através da campanha brasileira Julho Verde.
Veja alguns mitos e verdades sobre o câncer de cabeça e pescoço:
- Tabagismo e alcoolismo são fatores de risco para câncer de cabeça e pescoço
Verdade – São os grandes responsáveis pela maioria das lesões malignas de cabeça e pescoço, especialmente quando associados. O álcool associado ao fumo aumenta o risco em 5 vezes para câncer nessa região. Quanto mais prolongado e intenso for o uso de álcool e fumo, maior o risco.
- Enxaguantes bucais aumentam o risco de desenvolver câncer de cabeça e pescoço
Verdade – Estudos associam o uso frequente e em longo prazo de enxaguantes bucais que possuem álcool em sua fórmula com o aumento da incidência do câncer de boca. Pessoas que usam diariamente e por um extenso período esse tipo de produto têm de três a quatro vezes mais risco de desenvolver câncer de boca comparado a quem não tem esse hábito.
- Câncer na boca pode ser causado pelo uso de próteses dentárias
Mito – A utilização de próteses dentárias não provoca câncer. Porém, caso esteja solta e machuque continuamente a boca, pode causar um traumatismo crônico. Esta lesão apresenta possibilidade de se desenvolver para um câncer.
- Cáries podem causar câncer de boca
Mito – A boca deve ser higienizada corretamente, pois, de acordo com algumas pesquisas, a gengivite crônica pode acumular bactérias com potencial carcinogênico. No entanto, não há ligação entre cáries e câncer.
- Sexo oral pode causar câncer na boca
Depende – A prática de sexo oral propriamente dita não está associada ao desenvolvimento de câncer de boca. Porém esta prática sem proteção pode causar infecção oral pelo papilomavírus humano (HPV), que por sua vez é fator causal para câncer de faringe e de boca. Portanto a vacina para HPV e o sexo oral com proteção são fatores importantes na prevenção do câncer de cabeça e pescoço.
- O consumo em excesso de carne vermelha pode aumentar o risco de desenvolvimento de câncer na região
Verdade – Ingerir diariamente carne vermelha em grandes quantidades pode predispor a um tumor na boca ou garganta, principalmente quando preparada em churrasqueiras, uma vez que o carvão utilizado contém elementos carcinogênicos. O consumo ideal de carne vermelha é de 2 a 3 vezes por semana e recomenda-se variar a forma de preparo.
- Alimentação rica em frutas e verduras pode ser fator de proteção
Verdade – Uma dieta com predominância de frutas cítricas e vegetais verdes, por exemplo, pode ajudar na prevenção de diversos tipos de câncer, como os de cabeça e pescoço. Bebidas naturais, como chá verde, açafrão e própolis, também podem ser importantes fatores de proteção contra esses tumores, devido à presença de antioxidantes, componentes capazes de evitar a formação de lesões e tumores nas células.
- O câncer não apresenta dores imediatas
Verdade – Trata-se de uma doença com caráter assintomático em seus primeiros estágios, confundida com uma série de enfermidades comuns, como gripe ou faringite. Muitos pacientes demoram a consultar um especialista por tentar justificar os próprios sintomas, mesmo que persistam por bastante tempo. Essa situação dificulta o diagnóstico precoce – que proporciona grandes chances de sucesso no tratamento. Portanto, é preciso um cuidado especial com feridas na boca, rouquidão ou inflamações que durem mais de 1 mês sem apresentar quadros de melhora.
- A cirurgia de retirada da laringe impede que o paciente volte a falar
Mito – Atualmente, há métodos que permitem ao paciente laringectomizado a oportunidade de novamente se comunicar pela voz. A prótese traqueosofágica possibilita a fala para 90% dos operados e traz bons resultados na qualidade do som e tempo de fonação. Alternativas como a eletrolaringe e a voz esofágica, técnica que utiliza o esôfago para a produção de som, também são oferecidas ao paciente, permitindo maiores chances de sucesso na reabilitação pós-cirúrgica.
Fontes do artigo e mais informações:
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/mitos-e-verdades-sobre-o-cancer-de-cabeca-e-pescoco/11002/7/
https://www.accamargo.org.br/mitos-e-verdades/mitos-e-verdades-sobre-cancer-de-cabeca-e-pescoco