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Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Ausência, por Carlos Drummond de Andrade

O que é o luto?

Carlos Drummond de Andrade, por meio de sua poesia “Ausência”, pode nos auxiliar a compreendê-lo.

Por que o luto nos remete à ausência de alguém ou de algo? Talvez pelo fato de que, quando nos enlutamos, sentimos a presença da ausência?

Podemos sentir a ausência de uma pessoa querida que faleceu, ou daquela que se mudou para longe, ou ainda daquela que em decorrência de uma doença crônica não mais reconhecemos como antes. Podemos também sentir a ausência de um trabalho que não exercemos mais, de uma cidade que precisamos deixar para trás, dos filhos que cresceram e saíram de casa, entre outras situações significativas de perdas que ocorrem na nossa vida. Sendo assim, compreendemos que sentimos a ausência de pessoas, objetos e experiências que são significativas para nós e com as quais estamos vinculados. Portanto, perdê-las envolve luto.

O luto é então um processo natural, inerente ao estar vivo, que vivenciamos diante da perda/rompimento de um vínculo afetivo significativo. Apesar de ser um processo natural, o luto resulta em mudanças, muitas vezes desorganizadoras para o enlutado. O mundo tal como o conhecíamos antes da perda, torna-se outro.

Assim, perguntas como “quem sou eu agora?” ou “por que isso aconteceu?” são comuns para quem está vivenciando este processo. Por isso dizemos que o luto exige uma reconstrução de significados e até de identidade, porém, é necessário um percurso de “reconstrução”.
Tal como nos diz Drummond, a ausência, após um processo de elaboração, pode ser assimilada. O que não significa deixar de sentir saudades, mas permitir-se seguir em frente.

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