Alguns eventos que acontecem na vida, como um divórcio, morte de alguém especial, demissão, aposentadoria, mudança de cidade, adoecimento, hospitalização prolongada, entre outros, são considerados altamente estressantes pelo impacto emocional que podem causar na vida de quem os vivencia.
É necessário considerar que nem todas as pessoas irão interpretar o evento da mesma maneira, pois essa interpretação se relaciona com o funcionamento psíquico e experiências passadas de cada um.
De modo geral, o diagnóstico e tratamento de câncer se enquadra como um evento estressante e fator de risco para sentimentos de tristeza, desesperança, diminuição do prazer em atividades que antes eram prazerosas e sintomas como crises de choro, irritabilidade, angústia, insônia e dificuldades de concentração em tarefas da vida diária.
Apesar de esses sintomas estarem relacionados àqueles encontrados na depressão, sua apresentação nem sempre caracteriza esse quadro, podendo fazer parte do que é chamado de transtorno de adaptação ou ajustamento.
O transtorno de adaptação ou ajustamento pode vir em seguida da fase do luto quando, por fatores complicadores, este se agrava.
Ele pode ser definido como um estado de desequilíbrio do funcionamento psíquico ou orgânico causado quando a pessoa necessita lidar com um evento estressante.
A vulnerabilidade pessoal, ausência de estratégias de enfrentamento e gravidade ou intensidade do evento estressante podem fazer com que os recursos emocionais encontrados pelo indivíduo para manejar a situação sejam insuficientes, gerando assim consequências para sua saúde física ou mental, bem como qualidade de vida. Nesses casos, o evento estressante destrói as crenças de controle, invulnerabilidade e imortalidade que em geral todos nós precisamos para viver nosso dia a dia com tranquilidade.
Os sintomas depressivos e ansiosos causados pelo transtorno de adaptação podem gerar prejuízos no trabalho, escola, atividades do cotidiano ou em relações sociais, porém um acompanhamento psicológico precoce pode auxiliar no desenvolvimento de recursos de enfrentamento para que a pessoa possa aprender a viver com as mudanças ocasionadas pelo evento estressante e se adaptar.
Na maioria dos casos não há necessidade da associação de um tratamento medicamentoso com psiquiatra. O suporte da família e uma ampla rede de apoio social também são fatores facilitadores para um desfecho positivo após um transtorno de adaptação.
Esteja atento a sua saúde mental e busque ajuda sempre que necessário. Na dúvida, converse com um profissional.