Contar ou não sobre o adoecimento para uma criança tem sido uma questão difícil para os pais e/ou cuidadores que, muitas vezes, estão tão preocupados e emocionalmente abalados que não se sentem aptos a falar com o filho e tampouco preparados para ajudá-lo a lidar com essa notícia.
Contudo, lembrem-se que esse é um período de desorganização e mudanças ao qual todos estão sujeitos, inclusive as crianças. Este é um dos principais pontos que nos ajudará a refletir sobre essa comunicação.
Existe uma série de sinais produzidos pelas mudanças que o adoecimento causa no ambiente, especialmente pelos efeitos no comportamento dos adultos, por maior que seja a tentativa de controlá-los. A criança percebe que algo está diferente: muitas visitas ao hospital, a tristeza das pessoas à sua volta, telefonemas, conversas sérias entre os adultos, alterações físicas decorrentes dos sintomas da doença, ausência do familiar que adoeceu em função do tratamento, etc. E não conseguir explicar o que está acontecendo pode ser extremamente difícil para a criança.
Então, por que contar?
A criança tem o direito de saber a respeito de qualquer assunto que afete a família da qual faz parte. Quando a verdade lhe é omitida, ela poderá se sentir isolada e excluída das questões familiares.
Como mencionado, as crianças conseguem captar o clima diferente no ambiente, mesmo que nada lhes seja dito, elas percebem que algo não vai bem. Se não sabem do que se trata, só poderão contar com a sua própria imaginação para tentar explicar o que está acontecendo e suas fantasias podem ser ainda piores do que a realidade. Pode ser também que a criança venha a conhecer a verdade por outras pessoas, que poderão lhe passar uma versão distorcida da realidade.
Ciente da verdade, ela terá a chance de lhe fazer perguntas sempre que surgirem dúvidas e poderá ser confortada quando sentir medo.
Por mais que você queira, não há como proteger as crianças das dificuldades, mas é possível compartilhar com ela os momentos tristes, criando apoio mútuo. Muitos pais se surpreendem ao verificar que a criança, muitas vezes, lida com a realidade com mais facilidade do que os adultos, que acabam sendo consolados por ela.