Como exposto no artigo comunicação de más notícias: desafio para o profissional de saúde, comunicar más notícias não é uma tarefa fácil para o profissional, assim como para os familiares, porém, tais dificuldades podem resultar num cenário desfavorável no âmbito da comunicação
Por vezes profissionais de saúde e familiares fazer uso de um discurso de mentira piedosa para com o paciente, que não contempla a verdade, contendo omissões e a conspiração do silêncio: “um acordo tácito ou explícito para manter o secretismo acerca de qualquer situação ou acontecimento” (Almeida & Almeida, 2007, p. 25).
Nessa situação, o profissional prioriza a família em detrimento do paciente, o que viola seus direitos e tem impacto em sua vivência.
Sabemos que a preocupação com a adesão ao tratamento é um dos grandes aspectos discutidos sobre o enfrentamento do paciente diante de uma má notícia, contudo, esquecemos que ele terá dificuldade em seguir o tratamento de uma doença que desconhece e certamente terá sentimentos de confusão, angústia e agitação ao perceber a evolução de uma doença em seu corpo, sem ter sido comunicado de seu prognóstico. Trata-se de um sofrimento sem palavras, onde o paciente fica privado do seu direito de fazer escolhas e encontrar significado para sua experiência de adoecimento.
Ao silenciarmos uma má notícia de um paciente, o que se pretende é aliviar o sofrimento, porém, o que se observa é um aumento de incertezas, medos, falta de confiança na equipe de saúde, entre outros. Por outro lado, uma comunicação eficaz é fundamental para a participação ativa do paciente em seu processo de adoecimento. Estudiosos que se dedicam a compreender o processo de luto apontam que a comunicação é também um dos fatores facilitadores do luto do paciente e de seus familiares.
Entretanto, é importante ressaltar que o processo eficaz de comunicação de más notícias deve abarcar alguns aspectos: a informação que o médico transmite, a informação retida pelo paciente, o conhecimento prévio que ele tenha da enfermidade, o desejo de conhecer a informação e a satisfação com a informação recebida.
O respeito à autonomia do paciente abarca também o fato de que, em alguns casos, o paciente expressa, direta ou indiretamente, seu desejo de não ter conhecimento sobre a condição de sua doença, delegando esta tarefa para algum membro da família, ou ainda, após ter compreendido as informações, opta pela manutenção de uma posição de certa ignorância sobre sua atual situação, evitando diálogos sobre o assunto.
Não podemos nos esquecer de que cada paciente e família são singulares, e estas diferenças devem ser consideradas no processo de comunicação. No artigo comunicação de más notícias: como fazer? abordamos algumas considerações sobre os aspectos importantes do processo de comunicar más notícias, segundo estudiosos do tema.