Como falar sobre a morte com a criança?

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Para conversar sobre a morte com a criança podemos usar como base suas próprias palavras, pois são elas que permitem que se estabeleça um diálogo e que se formulem questões junto a ela. Deixar a criança dar o tom e estabelecer o ritmo da conversa parece a maneira mais apropriada de se abordar esse tema.

Não esqueça de respeitar o nível de desenvolvimento da criança, utilizando uma linguagem acessível e, sempre que necessário, servir-se de elementos facilitadores, como, por exemplo, a literatura infantil, os desenhos animados e os filmes.

Nada precisa ser tratado de modo trágico e os pais/cuidadores não devem esconder sua tristeza em situações difíceis. Na opinião de Maria Júlia Kovács, coordenadora do Laboratório de Estudos sobre a Morte do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo: “A questão não é evitar o sofrimento, e sim compartilhá-lo, esclarecendo as dúvidas do pequeno. Assim, se a criança estiver abatida, verá que os adultos também estão, e isso conforta”. Segundo ela, em alguns casos, o filho pode até “cuidar” dos pais que enfrentam uma perda. Ele dará carinho e atenção, o que trará sensação de força. (revista Claudia, publicado em 29/10/2014).

É importante mencionar que aquele que comunica também está de luto e, portanto, sofre e necessita de apoio tanto quanto a criança. Em muitos momentos, não se sabe como agir, não se tem as respostas ou não se encontram as palavras adequadas ou suficientes; nessas horas, um abraço apertado, uma troca de carinhos pode fazer toda diferença.

Veja algumas dicas importantes para aqueles que têm a tarefa de conversar e apoiar a criança enlutada:

● Ser bom ouvinte, deixando a criança perguntar o que quiser, encorajando-a a expressar o que sente;

● Promover uma comunicação aberta e adequada aos níveis de compreensão da criança, oferecendo respostas simples e verdadeiras;

● Permanecer atento às comunicações verbais e não verbais da criança;

● Deixar que ela dê o tom e estabeleça o ritmo da conversa;

● Promover a participação da criança nos rituais, com consentimento e dando as devidas informações. O funeral, por exemplo, só deve ser assistido pela criança se ela quiser. E não faça com que ela se sinta culpada se não desejar ir. O apoio das pessoas de sua confiança é muito importante. Se a decisão for de ir ao enterro, explique como o será e as cenas tristes que ela visualizará ao seu redor, como a existência do caixão e de pessoas chorando;

● Trabalhar as fantasias da criança com relação à morte, principalmente as de culpa e as de um possível retorno da pessoa morta;

● Possibilitar a expressão, não só da tristeza, mas também de sentimentos como raiva, desamparo e medo;

● Ajudar a criança a formar e a manter uma imagem de seu ente querido, por meio da recordação de experiências vividas, facilitada pelo uso de narrativas, fotos, filmes, etc.;

● Buscar apoio de toda a rede de relacionamento social, de cada membro da família, dos amigos, vizinhos, professores, profissionais e de todos os que puderem dar sua contribuição para o sucesso final.

Nesse contexto, a escola ocupa lugar de destaque, sendo fundamental que abra espaço para o tema da morte, tratando-o de maneira natural e sensível. A direção das escolas devem sensibilizar e instrumentalizar os educadores para essa prática, oferecendo não só conhecimentos sobre desenvolvimento infantil e processo de luto, mas também espaços para reflexão desta questão.

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