Além do cuidado da psicologia com o paciente oncológico e família na UTI, a equipe multiprofissional também pode ajudar.
A literatura destaca o papel da equipe como um interessante fator de minimização de sofrimento, amenizando o medo e a solidão causados pelos fatores estressores no contexto de UTI/emergência.
A equipe se estabelece como um elo do paciente com a vida fora da UTI, surge como apoio emocional e como mediadora no contato com familiares.
Como falamos na experiência do paciente oncológico e família na UTI, o delirium é bastante estressante para o paciente e família, sendo importante que a equipe oriente sobre o que é e seu curso flutuante.
Pacientes e familiares relatam se sentirem mais seguros e tranquilos quando sabem o que é o delirium, seu plano de cuidado e como podem ajudar.
A equipe pode realizar e orientar a família na realização de intervenções não farmacológicas como: evitar estímulos agravantes, utilizar comunicação clara e objetiva, estimulação cognitiva, higiene do sono, entre outras.
Uma sugestão que pode ser dada para a família pela equipe para auxiliar o paciente que está sedado ou em delirium é a realização de um diário, escrito com o intuito de narrar os acontecimentos da UTI e ajudar a preencher as lacunas de memória que podem ocorrer, estabelecendo um senso de coerência e continuidade.
A equipe também pode ajudar fazendo perguntas ao paciente pós-UTI para promover discussão e auxiliar na compreensão de como foi sua experiência
Alguns exemplos de perguntas:
- Me conte sobre sua experiência na UTI
- Você já ouviu falar de delirium?
- Você teve dificuldade em diferenciar o que foi sonho e o que foi real?
- Teve momentos em que você pensou que os médicos a enfermagem queriam te machucar?
- Teve alguma experiência específica na UTI que te causou mais sofrimento?
- Tem algo que você queira compartilhar sobre sua internação na UTI?
E por fim, existem Instrumentos de rastreio validados que auxiliam na identificação de sintomas de sofrimento psicológico comuns em pacientes pós-UTI que podem ser aplicados por qualquer membro da equipe de forma rápida, o que auxilia a entender se é necessário solicitar uma avaliação psicológica:
- PHQ-9 (sintomas de depressão)
- GAD-7 (sintomas de ansiedade)
- HADS (escala hospitalar de ansiedade e depressão)
Fontes e mais informações:
- Costa MAS. Contribuições da psicologia na intervenção de delirium em UTI. Programa de Pós Graduação em Psicologia da PUC-Rio. 2014. http://www.innerpsicologia.com.br/arquivos/delirium.pdf
- El Majzoub I, Abunafeesa H, Cheaito R, Cheaito MA, Elsayem AF. Management of altered mental status and delirium in cancer patients. Ann Palliat Med 2019;8(5):728- 739. doi: 10.21037/apm.2019.09.14
- Elliott R, McKinley S, Fien M, Elliott D. Posttraumatic stress symptoms in intensive care patients: An exploration of associated factors. Rehabil Psychol. 2016 May;61(2):141-150. doi: 10.1037/rep0000074. PMID: 27196857
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- GOMES, Ana Gélica Alves e CARVALHO, Maria Fernanda de Oliveira. A perspectiva do paciente sobre a experiência de internação em UTI: revisão integrativa de literatura. SBPH[online]. 2018, vol.21, n.2 [citado 2021-06-18], pp. 167-185 . Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582018000200010&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1516-0858
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